Deslocalização<br>e emprego total (global)
Não, não vou argumentar hoje a contradição que parece (?) existir entre, por um lado, a famosa crise demográfica europeia - e portuguesa, claro -, com a população a decrescer, a decrescer, com as correlativas propostas de aumento de idades de reforma, de diminuição de pensões, de os pensionistas pagarem mais e mais em cuidados de saúde, etc, e, por outro lado, o desemprego «provocado» acima de tudo(?) pela deslocalização dos postos de trabalho, devida tanto aos altos salários cá da gente como ao regime de escravatura da mão de obra na China - a deslocalização para os outros países não seria maléfica mas benéfica, presume-se; não, não vou por aí, pelo menos por agora. Ou hoje não vou por aí.
Quero antes ir pela via do impacto do crescimento económico de certas áreas do Globo, imensas em termos populacionais, no conjunto da economia mundial. Já estarão a acertar, A China, aquilo é uma obsessão tal… Ok, considerem que a Índia também faz parte, Boa, dirão alguns, já lhe é obrigatório não ignorar a maior de Democracia do mundo. Uff! Eu sei que há muitos suspiros destes, para além de saber também que as forças de esquerda não são assim tão pequenas no subcontinente indiano. Mas neste argumentar não quero introduzir de forma explícita questões deste tipo.
Por onde eu quero mesmo pegar, agora que já passou algum tempo sobre a sua realização, agora que podemos reflectir um pouco mais a frio sobre a informação então disponibilizada, é pelas pontas do último conciliábulo de Davos, na Suiça, onde anualmente se reúne a fina-flor dos poderes económico e político da Terra. Realizado em Janeiro passado, dele tendo emergido preocupações sobre o emprego, apresto-me também a comentar sobre a matéria.
Por exemplo - e transcrevo do (27 de Janeiro de 2007 -, foi referido que em termos de grandes números são os ganhos de produtividade que destroem a maior parte dos empregos, e não a deslocalização. Esta também destrói emprego aqui, recriando-o acolá, provocando toda uma série de dramas, em particular em Portugal - digo eu; mas a realidade crua do fenómeno da destruição de emprego é devida aos aumentos de produtividade, às inovações de processo, tão ligadas aos impactos científicos & tecnológicos. E acrescento eu: a que tão adversos são os empresários cá do burgo.
Como consequência disto - segundo um governante chinês presente em Davos, e não obstante os crescimentos superiores a 9% por ano registados no seu país, naquela «vasta bacia de mão de obra de mais de 800 milhões» (sic) – e vejam lá, se incluirmos a Índia -, está-se longe de criar o emprego necessário a um contingente tão grande de trabalhadores. Que cada vez maior exército de reserva!
Juntava a Secretária de Estado norte-americana do Trabalho que «o desafio maior é o investimento em capital humano (sic). Hoje em dia 80% dos novos postos de trabalho exigem uma certa compreensão do funcionamento dos computadores». Digo eu: não só não se criam, a nível mundial - quanto mais no nosso País -, postos de trabalho sequer aproximando as necessidades, como a imensa maioria dos novos orientam-se para um padrão de baixíssima«“intensidade de mão de obra».
Agora, olhando para os números mundiais de evolução do emprego apresentados em Davos, os quais sustentam a explicação de tais tendências, pode verificar-se que, não obstante o crescimento económico elevado que o mundo registou no último quarto século, e segue registando - o que acontece na Europa e, em particular, em Portugal, parece desmenti-lo, mas trata-se de especificidades deste canto que é a União Europeia - e o nosso País nem o medíocre crescimento desta Região consegue alcançar -, portanto, olhando para os números mundiais, verificamos que, a par de um elevado e persistente crescimento económico, se regista um desacelerar do crescimento de postos de trabalho - de um valor da ordem de 2% nos anos 80 já se tinha passado para menos de 1.5% em 2003. Não foram disponibilizados valores para os dois últimos anos, mas é de supor que a descida da taxa de crescimento de emprego foi continuando. Claro, dirão os mais optimistas, mesmo assim desde 1980 até 2003 passou-se de 2 biliões para um pouco mais de 3 biliões de empregos.
Sim, mas que fazer, quando é a procura solvente que sustenta a massa de realização da oferta e sabendo-se que é esta que gera um emprego já insuficiente? Será que os poderes [capitalistas] deste mundo magicam num ajuste global por via da morte à fome? Sobre isto, nada terá sido dito.
Quero antes ir pela via do impacto do crescimento económico de certas áreas do Globo, imensas em termos populacionais, no conjunto da economia mundial. Já estarão a acertar, A China, aquilo é uma obsessão tal… Ok, considerem que a Índia também faz parte, Boa, dirão alguns, já lhe é obrigatório não ignorar a maior de Democracia do mundo. Uff! Eu sei que há muitos suspiros destes, para além de saber também que as forças de esquerda não são assim tão pequenas no subcontinente indiano. Mas neste argumentar não quero introduzir de forma explícita questões deste tipo.
Por onde eu quero mesmo pegar, agora que já passou algum tempo sobre a sua realização, agora que podemos reflectir um pouco mais a frio sobre a informação então disponibilizada, é pelas pontas do último conciliábulo de Davos, na Suiça, onde anualmente se reúne a fina-flor dos poderes económico e político da Terra. Realizado em Janeiro passado, dele tendo emergido preocupações sobre o emprego, apresto-me também a comentar sobre a matéria.
Por exemplo - e transcrevo do
Como consequência disto - segundo um governante chinês presente em Davos, e não obstante os crescimentos superiores a 9% por ano registados no seu país, naquela «vasta bacia de mão de obra de mais de 800 milhões» (sic) – e vejam lá, se incluirmos a Índia -, está-se longe de criar o emprego necessário a um contingente tão grande de trabalhadores. Que cada vez maior exército de reserva!
Juntava a Secretária de Estado norte-americana do Trabalho que «o desafio maior é o investimento em capital humano (sic). Hoje em dia 80% dos novos postos de trabalho exigem uma certa compreensão do funcionamento dos computadores». Digo eu: não só não se criam, a nível mundial - quanto mais no nosso País -, postos de trabalho sequer aproximando as necessidades, como a imensa maioria dos novos orientam-se para um padrão de baixíssima«“intensidade de mão de obra».
Agora, olhando para os números mundiais de evolução do emprego apresentados em Davos, os quais sustentam a explicação de tais tendências, pode verificar-se que, não obstante o crescimento económico elevado que o mundo registou no último quarto século, e segue registando - o que acontece na Europa e, em particular, em Portugal, parece desmenti-lo, mas trata-se de especificidades deste canto que é a União Europeia - e o nosso País nem o medíocre crescimento desta Região consegue alcançar -, portanto, olhando para os números mundiais, verificamos que, a par de um elevado e persistente crescimento económico, se regista um desacelerar do crescimento de postos de trabalho - de um valor da ordem de 2% nos anos 80 já se tinha passado para menos de 1.5% em 2003. Não foram disponibilizados valores para os dois últimos anos, mas é de supor que a descida da taxa de crescimento de emprego foi continuando. Claro, dirão os mais optimistas, mesmo assim desde 1980 até 2003 passou-se de 2 biliões para um pouco mais de 3 biliões de empregos.
Sim, mas que fazer, quando é a procura solvente que sustenta a massa de realização da oferta e sabendo-se que é esta que gera um emprego já insuficiente? Será que os poderes [capitalistas] deste mundo magicam num ajuste global por via da morte à fome? Sobre isto, nada terá sido dito.